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terça-feira, 4 de julho de 2023

Fernão Capelo Gaivota


Fernão Capelo Gaivota é o meu livro favorito.

Não por ser o melhor que já li. Não por ser o mais bem escrito. Não por ser o mais literário. Não por ter a história mais fascinante. Por nenhuma dessas comuns razões e atributos que se usam para classificar o livro favorito. Vou contar-vos a nossa história (minha e do Fernão Capelo Gaivota, entenda-se).

Não me lembro exactamente a idade que tinha, foi entre o 16 e os 17. Na pré-história da informática e da internet, a malta usava as bibliotecas. Em Santarém havia uma que era a minha casa diária, ficava estratégicamente em frente à Rodoviária e nas infindáveis horas, que passava à espera da camioneta da carrera para ir para casa (traduzindo para miúdos: autocarro), era lá que morava. Devorei centenas de livros nesse espaço. Num desses dias chamou-me a atenção o título deste livro. Por ser apático, por não dar um único indício sobre o que era a história. Ao ler a sinópse quase desisti. Era a história de uma gaivota!!! Mas ao folhear vi que tinha imagens lindas de gaivotas em todas as posições e resolvi dar-lhe uma chance. 

Ainda bem que o fiz.

TUDO o que Fernão Capelo Gaivota sentia, eu também sentia:
A adolescente que não se enquadrava. 
Que se sentia uma estranha. 
Que sempre sentiu que a vida era mais do que levantar ir para o trabalho e voltar para casa, para repetir tudo no dia seguinte (e, definitivamente, não queria isso para si).
Que não comprendia as regras da sociedade. 
Que questionava porque não se podia fazer diferente.
Que tinha uma paixão desmedida de viver, explorar, aprender coisas novas.

TUDO isso e muito mais se espelhava na Sílvia adolescente que vibrou ao ler aquelas páginas. Abriu-me os olhos para algo mais. Entendi que o que sentia tinha sentido e que a vida era muito mais do que aquilo que o mundo material e a sociedade me dava... 

E NUNCA mais parei de voar...



 

segunda-feira, 26 de junho de 2023

O problema de crescer!? É ver problemas!

 Olá! Sou a Sílvia Inácio. 

Eu sinto a adolescência como uma fase da nossa vida em que começamos a ter uma consciência de nós e dos outros. Onde um milhão de perguntas nos assalta!
Vou partilhar contigo um excerto do meu livro Remembranças:

"Data: 16 anos, 8 meses e 16 dias

Muita água correu depois da última vez que te escrevi. Não sei se algo radical mudou em mim, se estou mais madura, mas o meu desejo de que isso tenha acontecido para que eu possa definir os meus sentimentos e ideias de uma maneia mais racional e lógica [que deve caracterizar um espírito adulto], é grande.
Eu quero saber o que penso e porquê e detesto esta confusão onde tudo ainda não solidificou, mas, contraditoriamente, também gosto que ainda não tenha solidificado!
Entendes-me, Bia? 
Agora começo a compreender como era bom ser criança, não ter de pensar se estava certo ou errado.
Agora tenho todas as regras de uma sociedade, que não compreendo, para cumprir. Meu Deus!! 
A minha irmã mais nova diz que eu estou esquisita e no outro dia perguntou-me qual era o problema de crescer, eu respondi-lhe: 
- O problema de crescer!? É ver problemas! 
Cada dia tenho mais provas disso: o problema de crescer, é ver problemas!!! 

PS: Bia, queria tanto um abraço teu… "

in Remembranças, pag. 141

sábado, 24 de junho de 2023

Tenho 50 anos, portanto a minha adolescência ficou lá para trás, longe ...

Mas lembro-me de tudo, claro. Sobretudo lembro-me como tudo era intenso.

A curiosidade era intensa, ansiedade quase, em relação ao futuro, em relação à vida de adulto, à vida profissional, à vida amorosa. Essa curiosidade é um sentimento dual, pois por um lado há impaciência, quero experimentar tudo já, quero correr para frente, viver todas as experiências que, tenho a certeza, estão à minha espera para serem vividas. Por outro lado, há medo. Serei eu capaz de viver uma vida independente, sem o apoio dos meus pais ? Serei eu capaz de ganhar dinheiro suficiente para viver bem ? Suster uma família minha ? Entre todas essas experiências que estão à espera para serem vividas, provavelmente haverá algumas boas e outras más ...

Agora, olhando para trás, vejo que esse adolescente - que eu era - tinha razão.

Tinha razão em sentir curiosidade, em querer experimentar. A vida é, realmente, uma aventura extraordinária, uma viagem maravilhosa. Viajar, conhecer o mundo, aprender lińguas, conhecer pessoas, tantas, tantas coisas que  podemos fazer e que nos fazem sentir como a vida é boa ...

Poderia dizer "não havia razão para estar ansioso, as experiências chegam a nós, não precisamos de apressá-las". Certo, mas é impossível pedir a um adolescente que espere com calma e serenidade que as experiências cheguem a ele. A adolescência é assim mesmo, irrequieta, apressada, aliás este é o "charme" da adolescência.

Tinha razão em ter medo. Mais cedo ou mais tarde, experiências dolorosas vêm ter connosco e é impossível evitá-las, contorná-las. Doença, nossa ou de pessoas próximas. Morte de pessoas que amamos ou mesmo de animais que nos são queridos. Falhar. Sentir-se injustiçado.

Somando e subtraindo, será que a vida é mesmo boa ? Vale a pena viver ?

Vale a pena sim. A vida é como uma viagem. Pode ser difícil, aliás por vezes quanto mais difícil mais interessante é. Podemos ganhar arranhões ou mesmo feridas ao longo do percurso. Mas a viagem não deixa de ser maravilhosa.


sexta-feira, 23 de junho de 2023

Era uma adolescente muito solitária. Num mundo quase só dela.
O sentimento de solidão era gigante, muitas vezes exasperante. Mas esta adolescente não sabia como fazer para sair desta solidão.
Ela sentia que ninguém a iria entender e que se falasse do que se passava a iriam culpar e criticar. Algo que ela já fazia de forma "exemplar" consigo própria.
Estava assim numa espiral descendente sem dar conta.
E nesta espiral, sentia que as pessoas não a viam. E quando ocasionalmente alguém olhava para ela, o sentimento era de que, aquela pessoa sabia de tudo o que se passava. E nestas alturas sentia um puxão enorme para o seu isolamento, para a sua solidão... descia mais um pouco na sua espiral.
O seu refúgio eram os livros, os estudos. Um mundo onde se sentia livre, com coragem. Onde se sentia viva.
Na escola, os amigos quase não existiam... e os que estavam lá para ela, não percebiam a necessiidade de atenção que aquela adolescente precisava, a necessidade de carinho.
E, numa tentativa de ter essa atenção e esse carinho, a adolescente estudava para ser sempre uma das melhores da sua classe. E isto trouxe atenção mas não o carinho. Trouxe atenção que era interesseira e não a que ela necessitava. E com o tempo, mesmo os estudos já a faziam descer a sua espiral.
O que esta adolescente não sabia era que não precisava de ter medo de falar, de gritar ao mundo o que se passava consigo. Não sabia que podia pedir ajudar sem ser julgada ou criticada.

Hoje, já adulta, agradeço de coração a esta adolescente por ter feito a viagem descendente na espiral e não se ter perdido. Hoje, já adulta, sei que se tivesse gritado por ajuda que teria pessoas ao meu lado que me ajudariam, me dariam a atenção e carinho que precisava. Hoje, já adulta, digo... Não tenham vergonha ou medo, peçam ajuda sempre que sentirem que estão a descer a vossa espiral. Acreditem, vão ter SEMPRE, mas SEMPRE, alguém disposto a ajudar-vos.
E digo isto, porque agora já adulta, tive coragem para o fazer...
E desde o inicio tive sempre pessoas que me rodearam com amor e carinho. E neste processo descobri a AUTOCURA que me ajudou imenso e continua a ajudar. Onde descobri que não estou só. Onde percebi que eu me amo. E isso mudou a minha vida.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

És adolescente?

Nada te faz sentido?

Sentes-te irrequieto, ansioso?

Não tens paciência para os adultos?

Pior ainda, não tens paciência contigo próprio?

Tens vontade de chorar mas não choras?

Tens medo de errar? 

Estás a entrar em pânico por medo do futuro? Pelo desconhecido? 

E se eu te dissesse que é normal: mas que o "normal" não existe.

Que eu passei por isso há mais de 40 anos e que ainda me lembro como se fosse ontem. Que quase todos os adultos que desabafaram comigo, também passaram por isso.


Agora tens dois caminhos à tua frente. Um tem a tua cena, da aventura, da procura, da descoberta, tem tudo a ver contigo. O outro tem a cena dos adultos, dos que querem organizar a tua vida, dos que sabem o que é bom para ti, sabem como deves viver a tua vida, o que deves gostar, o que deves estudar, qual é a melhor profissão para ti.

É tu tens que escolher, tens mesmo que fazer a tua escolha, há uma onda que te empurra ; não dá para ficares parado. 


Se souberes usar a tua irrequietude para te redescobrires todos os dias, para viveres a tua aventura, aquela que está dentro de ti, tu vais conseguir! Vais conseguir que o adulto que cresce dentro de ti seja FELIZ!!!

A felicidade na vida adulta pode começar agora, com essa inquietação, sabiamente dirigida para a procura de ti próprio. 

Eu te posso ensinar como. O que sentes, daqui para a frente, será sempre um argumento, como diz a Alex Solnado. 
O que te vou ensinar chama se AUTOCURA. 
Queres vir aprender? Espero por ti !

Encontrou este texto e lhe lembrou que tem um filho a passar por isso? 
Lhe lembrou o adolescente que você foi e que a escolha que ele fez delineou, até hoje, o seu caminho?
Gostaria de ter feito diferente?
Esse adolescente vive dentro de si e está mais presente que nunca. El@ continua a sentir aquela dor. 
Quer tratar dessa dor?
Eu posso lhe ensinar como.
Sou terapeuta certificada de AUTOCURA pelo Projeto Alexandra Solnado e posso lhe ensinar como lidar com as suas emoções, passadas, presentes e futuras.
Venha aprender!